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Inês Garcias

Navegar na Maionese

Navegar na Maionese

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Navegar na Maionese.

Com base na realidade inflacionada em que vivemos atualmente, redigi a narrativa Passarinho Depenadinho, em que faço paralelismo entre as dificuldades
financeiras que passa um jovem em início de vida, e a história de um pássaro, que por ter nascido depenado, não consegue voar, e por isso vive numa luta
diária para se deslocar de forma eficiente.
A ausência de penas do pássaro, que lhe impossibilita o voo, funciona como metáfora para a dificuldade na procura por autonomia dos jovens, tendo como
fundo o popularismo “Cortaram-me as asas”.
Servindo o propósito de megafone, o projeto Passarinho Depenadinho, surge como veículo ilustrativo desta narrativa da qual todos fazemos um pouco parte,
e onde o apelo ao absurdo vem transfigurar uma história verídica.

“Era uma vez um Passarinho, que por ser Depenadinho, não tinha asas para voar.
Vivia numa constante correria, dependia das suas pequenas patas de galinha para se deslocar.
Quase se tornou campeão distrital da corrida da milha, a tentar acompanhar o ritmo sem trânsito dos planadores assíduos, mas sem penas para o embalar,
trabalhava por uma causa, à partida, perdida.
Já tentou de tudo:
Aprendeu patins para se aproximar da sensação de deslizar sobre o vento, mas de patins não conseguia alcançar grandes topos e cumes devido à pesada
gravidade inimiga da levitação...
Experimentou para-quedas com guiador de direção manual, mas quando o vento soprava forte a direção perdia-se, e só Deus sabe onde ia parar...
Aprendeu física quântica para construir uma Passarola igual à do livro, mas o preço da gasolina que voa subiu mais que a engenhoca e o passarinho não o
conseguiu suportar...

(...)

Pôs-se, então, a pensar como poderia encontrar uma forma que, sem o limitar, o fizesse voar com eficiência e sem custos. E foi então que se lembrou que,
com os seus conhecimentos em física, a sua leve estrutura óssea e a sua vontade maior que o céu, seria capaz, ele próprio, de conceber umas asas que, para
além de lhe caberem na perfeição, voassem! Precisava apenas de descobrir como e com o quê...
Inicialmente pensou que podia tecê-las, como fazem as aranhas com as suas teias, mas rapidamente se apercebeu que os furos da trama tornariam as suas
asas não impermeáveis às chuvas e ventos, e isso fá-lo-ia cair num ápice.
Depois pensou que podia construí-las em madeira, como se faz com os barquinhos que flutuam nos oceanos, mas lembrou-se que para flutuar no ar a
consistência da madeira teria que igualar os seus ocos ossos para não pesar, e que a madeira no ar o faria afundar como um calhau no mar. (...)”

Descrição da obra:

Barro Vermelho
Engobe e Vidrado
Tubo de
madeira e Tela

2023.

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